terça-feira, 26 de julho de 2011

Meio que bullying...

Postado por Camilla Fernanda às 14:26 1 comentários
Gabito Nunes



" [...]- Se você prestar bem atenção, quase todas as canções falam de amor. Numa ponta os não correspondidos, tema talvez de sete ou oito décimos do todo. Noutra, as músicas com refrões sobre pessoas que se encontraram e estão apaixonados, otimistas e pateticamente exultantes. Existe aí um hiato, uma brecha, uma falha artística. Qual o lugar das pessoas incapacitadas de amar? As pessoas que não têm paciência, os sem disciplina, os parafusos quadrados, os que não convencidos de que alguma frase termine bem com algum sujeito conjugando amor.

Eu acredito que, na maior parte, as histórias de amor são feitas de gente que tentou ser feliz e teve os sonhos quebrados, e estas estão agora mesmo concentradas em quebrar os sonhos de outro alguém. Porque assim a coisa funciona e ninguém se flagrou. Quem sabe, eu acho, me encaixo neste terceiro grupo, o meio-termo, os perdidos no vácuo, os analfabetos sentimentais, os com a memória quase cheia de más recordações, sou daqueles cujos anos desperdiçados nunca desaparecem, os amaldiçoados que nunca ouviram um eu-te-amo de um interlocutor apaixonado, nem de mentirinha.

Amor, pra mim, sempre foi meio que bullying [...]"






Link do texto completo: AQUI

terça-feira, 19 de julho de 2011

O que é amor pra você?

Postado por Camilla Fernanda às 00:52 2 comentários


Então Charlie Brown
...o que é amor pra você?
- Em 1987 meu pai tinha um carro azul
- Mas o que isso tem a ver com amor?
- Bom, acontece que todos os dias ele dava carona pra uma moça.
Ele saía do carro, abria a porta pra ela, quando ela entrava ele fechava a porta, dava a volta pelo carro e quando ele ia abrir a porta pra entrar, ela apertava a tranca.
Ela ficava fazendo caretas e os dois morriam de rir.
...acho que isso é amor


quinta-feira, 14 de julho de 2011

Eu te deixo ir...

Postado por Camilla Fernanda às 22:43 1 comentários


Eu deixarei... 
tu irás e encostarás a tua face em outra face 
Teus dedos enlaçarão outros dedos 
e tu desabrocharás para a madrugada. 
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, 
porque eu fui o grande íntimo da noite. 
Porque eu encostei minha face na face da noite 
e ouvi a tua fala amorosa. 
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa 
suspensos no espaço. 
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado. 
Eu ficarei só 
como os veleiros nos pontos silenciosos. 
Mas eu te possuirei como ninguém 
porque poderei partir. 

E todas as lamentações do mar, 
do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, 
a tua voz ausente, 
a tua voz serenizada.


Ausência - Vinícius de Moraes

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Em demasia

Postado por Camilla Fernanda às 00:57 1 comentários

Escuta a Tati  ...
"Eu sei que sou exatamente o que 98% dos homens não gosta ou não sabe gostar (apesar de eles nunca me deixarem em paz). Eu falo o que penso, abro as portas da minha casa, da minha vida, da minha alma, dos meus medos. Basta eu ver um sinal de luz recíproca no final do túnel que mando minhas zilhões de luzes e cego todo o mundo. Sou demais.Ninguém entende nada.E eles adoram uma sonsa. Adoram.Mas dane-se. Um dia um louco, direto do planeta dos 2% de homens, vai aparecer. E que se dane a natureza gritando no meu ouvido que não posso ser assim. Que a boa fêmea sabe esperar nove meses, portanto deve saber esperar uma ligação ou um sinal de "pode avançar no joguinho". Eu não sei esperar nada. E a natureza gritando no meu ouvido que então, já que sou birrenta, vou ficar sem nada mesmo. Porque é preciso saber viver. Atiram a gente nesse mundo, nosso coração sente um monte de coisa desordenada, nosso cérebro pensa um monte de absurdo. E a gente ainda precisa ser superequilibrada para ganhar alguma coisa da vida.Como se só por estar aqui, aturando tanta maluquice, a gente já não devesse ganhar aí um desconto para também ser louco de vez em quando."

Tati Bernardi 

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Era disso que eu tinha medo...do que não ficava pra sempre

Postado por Camilla Fernanda às 17:48 3 comentários

"Me atirava do alto na certeza de que alguém segurava minhas mãos, não me deixando cair. Era lindo, mas eu morria de medo. Tinha medo de tudo quase: Cinema, Parque de Diversão, de Circo, Ciganos. Aquela gente encantada que chegava e seguia.
Era disso que eu tinha medo. Do que não ficava pra sempre." 


(Antonio Bivar, trecho de “Era uma vez”. Também incluído na música Dadivosa - Ana Carolina recitado por Maria Bethânia)

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Freud explica

Postado por Camilla Fernanda às 20:05 1 comentários
Como terminei com uma psicóloga por motivos fúteis - 


Gabito Nunes


Era um pouco orgulhosa. Mas na boa, quem não é? No primeiro encontro, jogando pipoca caramelada aos macacos, tropeçou deixando cair todo o saquinho no córrego que separava os visitantes da jaula. Ridiculamente gaga e corada, disse ser uma tradição judaica de alimentar cisnes peregrinos que usariam o caminho pra migrar ao sul do parque, no verão. Irredutível, todos os domingos atirava um pacote gigante de pipoca no laguinho verde musgo. Tropeçava até, dizia fazer parte do ritual. Só parou quando um guarda mirim descobriu o responsável pela mortandade de cisnes com alto colesterol ruim. Foi sua segunda passagem pela polícia.

Era um pouco romântica. Mas na boa, quem não é? Foi brabo, tive até de chamar um primo que trabalha no mercado de games publicitários pra explicar o conceito didático das animações de Walt Disney, sua maior fixação de amor. Certa noite, depois de me atirar prontuários e históricos de pacientes, jogou na minha cara que mesmo eu não a desejando mais, jamais ficaria só. Parece que o Pato Donald arrastava um bonde por ela. Ainda que convencida, algumas madrugadas a flagrei aos sussurros no telefone, marcando passeios românticos por cafés e cinemas de Patópolis.

Mas era o tipo de psicóloga que eu gostava. O tipo devassa. Ela tinha uma dissertação um tanto inusitada - "Círculos viciosos e a física quântica na psicologia: como dominar o mundo fazendo com que cada psicólogo tenha seu próprio psicólogo". Era um tanto confuso. Mas na boa, qual marco teórico não é? Tinha ali uma passagem afirmando que o sexo só era pecado na horizontal ou na vertical. Caso praticado na diagonal, ultrapassaria qualquer valor moral ou mandamento cristão. Usou tal argumentação com seu sobrinho nerd de treze anos. Ele esperava baixar um download e não a cueca. Fora sua primeira passagem pela polícia.

Era um pouco esquizofrênica. Mas na boa, quem não é? Numa segunda-feira vesperal, a apanhei pregando uma moldura psicodélica associando Lacan à Coca-Cola. Também comprou algumas latas de atum, um desentupidor de pia e um tapete com a inscrição: "Bem-vindo ao doce lar dos Silva", mesmo ela sendo uma Pereira desde criancinha. Justificou que não se casou pra morar num canto que lembrasse o esconderijo de um árabe homem-bomba. Quem fez o pedido, eu nunca soube. Tentei argumentar com a falta de uma aliança no dedo, mas era do tipo moderna. O médico mandou não contrariar. Eu contrariei. Ela tentou suicídio, se lançando da janela do térreo. Aí, o ortodontista mandou não contrariar. Concordei.

Era um pouco briguenta. Mas na boa, quem não é? Nada que vá além de me deixar em coma por uns bons meses primaveris por usar o sexo como arma. Possuía uma superexcitação só comparada a uma espécie fêmea de carrapato. Culpa minha, que só depois descobri o antídoto pra sua raiva. Nutella. Descoberta sua predileção pela sobremesa, abasteci os armários às vésperas de uma TPM que se anunciava no sotaque de Anthony Hopkins em "Silêncio dos Inocentes". Chorei imediatamente ao chegar em casa e me deparar logo na entrada com uma tropa de soldadinhos moldados com chocolate, apontando Big Mac's minimalistas na minha direção.

Passei a cogitar terminar em meados dela completar sua tese de doutorado. Algo tipo "Como controlar a densidade da massa com repressão psicológica cognitiva e uma colher de azeite de oliva: uma oposição às máximas do pensamento socrático sobre o nada". No dia de sua banca, o corpo docente ponderou seu trabalho por dezoito segundos antes de jogar amendoim salgado na coitada da coitadinha. Forçada a aceitar seu período sabático, preenchia seus dias de ócio com uma ideia inovadora: um livro de receitas/romance intitulado: "Mil e Uma Noites de Comidinhas Pra Beliscar Enquanto Planeja Colar O Pinto Do Seu Namorado No Pé Da Cama". Não vendeu muita coisa. Logo acabei.

Não é um pesadelo freudiano meu com psicólogas. Eu juro, aconteceu de verdade. Às vezes, a gente deixa de viver belas e parisienses histórias de amor arranjando essas listas pessoais de razões bobas e intimistas. Tudo pra não se envolver com pessoas que, a priori, não são tão bacanas e têm pouca didática pra nos convencer da paixão ofertada pela confluência do cosmos. Foi uma pena terminar com a psicóloga essa. Me confesso um pouco intolerante. Mas na boa, quem não é?

 

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