sexta-feira, 4 de maio de 2012

Com açúcar e com afeto

Postado por Camilla Fernanda às 09:38


Eu queria sair daquela aula. Era minha aula preferida e eu não aguentava mais nenhum minuto ali. Tinha algo doendo, apertando no peito que eu nem lembrava mais que era tão sensível. 
Mandei uma mensagem de emergência, daquelas que você só manda pra quem tem o poder de te salvar, e nem foi preciso pensar pra saber a quem recorrer, depois de tantos anos de amizade os dedos já estão treinados pra clicar no número certo.
E eu enviei um ‘tu tá ocupada hj?  Vamos sair? ’ pra disfarçar o ‘Não tô bem, ME SALVA amiga!’
E ela entendeu. Mesmo que inconscientemente, eu sei que ela entendeu. E eu enfrentei mais de 1h de engarrafamento, em um ônibus lotado, sem nenhuma música pra servir de anestesia e fui lá. Pra sentar na calçada, comer baguete e tomar River, como nos velhos tempos. Pra conversar sobre qualquer coisa e fazê-la sorrir com as minhas besteiras. E aleatoriamente desabafar, dizendo que tá doendo, mesmo eu tendo dito que não iria.
Eu falei que eu sei o que eu quero e que eu não quero isso, seja lá o que isso for e ela disse qualquer coisa que me fez sentir paz. Acho que disse que eu mereço ser feliz e que eu estou bem mais próxima disso do que ele. Citou uma frase de filme, como é de costume e me colocou de volta nos trilhos.
Disse também que viver na superfície das coisas é atitude de quem tem mágoa da vida. E elogia o fato de eu nunca me zangar com nada. Eu digo que não é bem assim, mas que ser adulto é aprender a deixar as coisas pra trás. Ela diz que eu sou madura e pede que eu ensine como se faz isso. Sem saber que eu só segurei a barra todas às vezes, porque ela tava ali pra me proporcionar momentos iguais a esse.
Depois de algumas horas, eu volto pra casa. Sem lembrar o motivo que me fez pedir socorro subliminarmente. Mas tendo a certeza que se eu cair de novo, ( por amor, cachaça ou medo) eu tenho o melhor reboque do mundo pra me levantar.
 

2 comentários:

Jorge Leandro Carneiro on 22 de julho de 2012 às 17:15 disse...

O que seria da paixão, com seus rompantes de céu e infernos, sem a amizade que lhe serve de escora e de âncora?

.Sté. on 28 de julho de 2012 às 21:11 disse...

Nem preciso dizer que amei né?!
Tem amigo que é melhor que irmão.

 

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