
Não sei ao certo dizer o que foi. Só sei que surpresa não foi, decepção talvez. As palavras que saiam da sua boca não condiziam com a idéia que eu tinha de você. Tava tudo estranho e diferente de maneira a me causar um desespero tremendo. É desesperador não encontrar a pessoa que você se acostumou a ver. E esse desespero me fez confundir a vontade de chorar com a necessidade de chorar, me fazendo querer o fim de algo que eu não queria que acabasse. E eu me questionava o porque de sentir tudo aquilo, como se fosse errado sentir. No fundo eu tinha a total certeza de que era bem normal sentir tudo aquilo, afinal sou humana e humanos SENTEM coisas, até mesmo o que não é pra sentir. Aliás, acho até que os verdadeiramente humanos são aqueles que sentem exatamente o que não é "certo" sentir. Me senti muito humana naquele momento e até agora sinto. Sinto também que errei em vários aspectos, errei por omissão, por ação, por ilusão, por consideração. Errei mesmo. De todas as maneiras possíveis. Mas errei de uma maneira tão sincera que nem me sinto mal por isso, fui como sou e como pude ser. Depois de algum tempo a gente acaba percebendo que SER é bem melhor que FINGIR SER, mesmo que você tenha que abdicar do seu orgulho por isso, mesmo que fique desconfortável e confusa, a verdade é bem melhor. Nem foi tão difícil assim, eu sobrevivi aliás, tô aqui viva, bem, livre e tudo mais. O difícil mesmo vai ser, ter que te tirar do pedestal que eu, com tanto carinho, esculpi sob medida pra você. Isso sim.