quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Esse texto é sobre incerteza, esse texto é sobre você...

Postado por Camilla Fernanda às 02:08 3 comentários




Tenho caído em tentação frequentemente, não falo do chocolate, nem da coca-cola, é que tenho pensado em você. E ouvi em algum lugar que pensar também é cair em tentação. 
Já passei e repassei todo o roteiro e me dei conta de que é muito mais fácil lembrar das coisas boas, o cérebro tem essa tendência - diga-se de passagem bem estúpida- de lembrar antes e intensamente do que foi bom. Seria até poético se não fosse tão auto-destrutivo, falo auto-destrutivo porque antes de qualquer sorriso, frio na barriga ou êxtase teve muita raiva, sentimento de rejeição, de incapacidade(e etc) advindos de comportamentos teus.
Você sempre deixou claro sua não-intenção de envolvimento sentimental e ainda tentava fazer tudo mais aceitável quando me fazia acreditar que NÓS eramos diferentes, que nós não faziamos parte desse sistema que aprisiona as pessoas em padrões de comportamentos semelhantes  e blá blá blá. 
Seus comportamentos eram incertos e imprevisíveis, você estava ali em um dia e passava dias e dias sem aparecer, as mensagens do dia seguinte nunca vieram , as ligações muito menos e quando eu estava decidida a te esquecer, você (como um adivinho) ligava de madrugada, pra me confundir inteira e não dizer absolutamente nada. Você se mostrava sem se expor, era um mistério eterno, um absurdo de tão estranho e eu insistia em achar tudo muito mágico e diferente, inventando sempre lados positivos de tudo que te dizia respeito.
Você nunca fez uma graça, não houveram carinhos, não houve nada minimamente fofo, nada de mimo, nada de atenção, nada que demonstrasse um lapso de interesse seu em me fazer sentir importante, ou bem, ou especial.
Entretanto uma música no violão é sempre uma música no violão,né!? Uma voz estridente é sempre uma voz estridente e aquela sensação de que tudo era possível? E aquela identificação que parecia coisa de outro mundo? Era nisso que eu me agarrava. Me agarrava na teoria absurda que eu mesma criei de que você, algum dia, poderia ter sido a vítima de um amor não correspondido, ou destruído, ou despedaçado. Criei a teoria de que seu coração com certeza, tinha sido partido e por isso essa sua descrença e desprezo eterno em ser como todo mundo é. Criei e me agarrei nisso como se ali estivesse o sentido de toda uma existência, como se eu fosse a escolhida pra resolver e salvar você de você mesmo.
E que mulher não adora um homem que precisa de cuidado? Um homem que precisa de atenção e de alguém que o conserte?
Você sinalizava que queria conversar e eu enxergava carência, você me fazia mil perguntas e eu enxergava ciúmes e cuidado. Como diz aquela banda de rock, eu fiz o caminho mais longo só pra passar perto de você.
A realidade é que eu enxerguei e criei demais, porque nós pobres e medíocres seres humanos, adoramos o que nos parece impossível , adoramos a incerteza, adoramos a magia, o difícil, o inalcançável, o vazio, a falta.
 E por falar em falta, eu sinto sua falta e dentre as coisas que eu odeio gostar, você com certeza é a que eu mais gosto. 
E tudo passou a fazer sentido quando eu ouvi por aí que quem arranca um sorriso fácil, arranca o coração 'facinho' também. Então, eu penso em te ligar, mandar mensagem ou escrever te pedindo por favor que devolva, tem gente precisando dele aqui. 



sexta-feira, 4 de maio de 2012

Com açúcar e com afeto

Postado por Camilla Fernanda às 09:38 2 comentários


Eu queria sair daquela aula. Era minha aula preferida e eu não aguentava mais nenhum minuto ali. Tinha algo doendo, apertando no peito que eu nem lembrava mais que era tão sensível. 
Mandei uma mensagem de emergência, daquelas que você só manda pra quem tem o poder de te salvar, e nem foi preciso pensar pra saber a quem recorrer, depois de tantos anos de amizade os dedos já estão treinados pra clicar no número certo.
E eu enviei um ‘tu tá ocupada hj?  Vamos sair? ’ pra disfarçar o ‘Não tô bem, ME SALVA amiga!’
E ela entendeu. Mesmo que inconscientemente, eu sei que ela entendeu. E eu enfrentei mais de 1h de engarrafamento, em um ônibus lotado, sem nenhuma música pra servir de anestesia e fui lá. Pra sentar na calçada, comer baguete e tomar River, como nos velhos tempos. Pra conversar sobre qualquer coisa e fazê-la sorrir com as minhas besteiras. E aleatoriamente desabafar, dizendo que tá doendo, mesmo eu tendo dito que não iria.
Eu falei que eu sei o que eu quero e que eu não quero isso, seja lá o que isso for e ela disse qualquer coisa que me fez sentir paz. Acho que disse que eu mereço ser feliz e que eu estou bem mais próxima disso do que ele. Citou uma frase de filme, como é de costume e me colocou de volta nos trilhos.
Disse também que viver na superfície das coisas é atitude de quem tem mágoa da vida. E elogia o fato de eu nunca me zangar com nada. Eu digo que não é bem assim, mas que ser adulto é aprender a deixar as coisas pra trás. Ela diz que eu sou madura e pede que eu ensine como se faz isso. Sem saber que eu só segurei a barra todas às vezes, porque ela tava ali pra me proporcionar momentos iguais a esse.
Depois de algumas horas, eu volto pra casa. Sem lembrar o motivo que me fez pedir socorro subliminarmente. Mas tendo a certeza que se eu cair de novo, ( por amor, cachaça ou medo) eu tenho o melhor reboque do mundo pra me levantar.
 

quarta-feira, 21 de março de 2012

No entanto

Postado por Camilla Fernanda às 13:53 1 comentários


É como dar leite num pires raso a um gatinho doente, muito doente, canceroso até. Alimentar esse envolvimento com pequenos encontros e gestos enigmáticos é um sopro de vida, no entanto qualquer esperto consegue ver que não vai dar em nada, que a coisa toda vai morrer até mesmo antes de chegar ao fim. Nossas discrepâncias são o câncer do nosso fatídico encontro por acaso, e não me venha com essa história de completude e laranjas deixadas pela metade, ninguém aqui é adolescente ou fã de Nicholas Sparks. 

segunda-feira, 12 de março de 2012

O medo, você e eu...

Postado por Camilla Fernanda às 00:23 4 comentários


Tenho evitado escrever sobre você, desde a última página que escrevi por sua causa.  O sentimento implora pra sair do sufoco e respirar lá fora, eu não deixo. Prendo-o, por medo de permitir que as coisas fiquem óbvias demais. Estou escondida, de alguma forma, atrás das minhas publicações. Quase nunca sou eu, finjo muito bem, você sabe, escritores nasceram para distrair, iludindo com uma projeção poética, as verdades ardidas de quem lê. Só que hoje, por algum motivo  ainda desconhecido, resolvi permitir que você saísse do cercado seguro da minha cabeça e se espalhasse por todas as linhas desse texto.

Apesar de você ser o dono das minhas sensações mais intensas, tudo parece estar mais calmo. Suspendi o que me cala pra poder te falar o quanto valorizo todas as suas palavras, os seus movimentos- a engrenagem dos meus. Amo, de forma insana, todos os seus órgãos e os elementos que constituem seu rosto. Os olhos, a forma visceral como me olham; nariz, uma afronta, o condutor do ar que alimenta teus pulmões, [...]boca, objeto de me incinerar, que sonda sobre o meu amor; os ouvidos, teimosos, ouvem minha resposta, relutam em acreditar.

Já devo ter falado o quanto aprecio sua companhia, mesmo percebendo que você foge por alguns instantes. Gosto da forma como você me ocupa: quando não está comigo, estou ocupada tentando adivinhar pra onde você foi. Penso em nós ao arrumar a casa, ao organizar os livros na ordem alfabética que forma o seu nome, ao ensaiar minhas rubricas em guardanapos nas mesas dos bares quando a conversa não me interessa- a não ser que alguém, por acaso, me interrompa perguntando sobre aquele meu caso torto que já dura um tempo.

Você está escondido entre os fios de algodão que tecem minhas camisetas adolescentes de bandas de rock, no emaranhado dos fios dos meus cabelos. No cd da minha banda favorita, reservei a melhor faixa pra meditar sobre suas qualidades, sobre os defeitos sem conserto que me cansam, sobre você inteiro, sem medo do te-quero-agora que vem logo em seguida. Depois você diz que não tenho razões, julga minha falta de nexo em te amar tão demasiadamente, ainda que não convivamos. Como não convivemos? Só você não consegue se ver em todas as coisas que compõem o espaço ao meu redor.

Os carros iguais ao seu (vejo uns dez por dia), as piadas que ninguém mais consegue pensar, a felicidade que explode em mim sempre que te noto bem e feliz, aquela música aleatória que toca na hora certa numa estação do rádio que eu nunca ouço, os dias bonitos, minha disposição para fazer melhor minhas obrigações, a preguiça que tenho dos outros caras engraçados, bonitos, inteligentes, que me querem, que se importam, que não são você: tudo te anuncia. Vem.

Quem me dera conseguir enfiar na sua cabeça que você é o homem mais amável do universo; o quanto sei que você pode ser, até onde sei que pode ir, se quiser. Que pode me levar junto sem me dizer pra onde. E quem me dera conseguir me enfiar de vez no seu coração, porque tá frio pra cacete e eu já cansei de esperar aqui fora.
Mas aí você me dá corda e depois puxa e eu noto o quanto ainda é um menino indefeso que precisa de certezas e de todo cuidado, que tem que parar de pensar demais. Eu cuido, não tem problema.[...]

Eu luto todos os dias contra essa sensação de estar e não estar. De quase você me amar, de quase te deixar ir de vez. E te faço existir até nesses momentos de quase, mesmo que "quase" seja um tempo que só existe na teoria. Eu te pratico em todos os meus tempos, principalmente nos que não querem passar.
Você é o diretor do filme que desiste da própria obra perto do final, que conquista a atenção pra depois abandonar. E eu, personagem coadjuvante, venho tentando inventar o resto. Talvez não fique tão bonito, mas vai ficar real dessa vez, prometo.
O presente te renuncia, ao mesmo tempo em que te vejo em todas as cenas que crio do meu futuro. Desisto de você por hoje pra acordar te amando em dobro amanhã. Porque quando o cansaço me dá um milhão de motivos pra desistir, você me oferece dois bilhões de motivos pra ficar, quando volta dos sumiços. O bom filho (da puta) que à casa torna.

Deve haver alguma razão nessa falta de ordem. Deve haver algum motivo esperando, sem fazer alarde, o que vem depois. É duro acreditar que toda essa espera seja por acaso, porque eu tenho uma anomalia ainda não descoberta pela ciência que carinhosamente chamo de "Preguiça Sentimental" e sempre desisti e esqueci fácil demais de tudo que exige meu esforço contínuo, inclusive de amores mais simples, que desejei mais do que desejo você. 

As forças já não saem apenas de mim, me acalenta a sensação de não estar só. Você não precisa fazer absolutamente nada, fora existir, pra alimentar minhas esperanças. Por isso elas nunca morrem de fome. E a única certeza que tenho agora é a sua dúvida. E a única previsão certa pra amanhã é que você continuará imprevisível. Mas permito que seja, sem tentar supor. Nem que sim nem que não: não digo nada, assisto acontecer. É o jeito. É a vida. Essa bagunça milimetricamente organizada por alguém.

E por medo de permitir que as coisas fiquem óbvias demais, não vou dizer quem (des) organiza a minha vida[...]





Por Vitória de Melo Bispo 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Sobre a crueldade

Postado por Camilla Fernanda às 23:32 1 comentários

É cruel ele existir e não ser meu. 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Assinado ele

Postado por Camilla Fernanda às 00:00 2 comentários


Eu quero ser o teu problema

Eu quero ser o teu problema. Nada de amor heroico, bonito e comovente.
 Deixo as filosofias otimistas para quem acredita nelas. 
Eu quero ser a tua insegurança, o teu objeto de desejo que te faz achar que você só tem defeitos- e certamente que não me merece. 
Eu quero ser o amor intruso, entrão, inconveniente; invadir o teu pensamento quando um amor menos complicado teimar em se aproximar. 
Eu quero ser quem te faz procurar terapias; quero ser relatado a um psicólogo. Nada de rendas brancas, vestidos de noiva, taças cruzadas.
Eu quero ser quem te faz sair dos lugares comuns, abandonar jantares importantes e festas com seus melhores amigos. 
Eu quero ser a ligação às três da madrugada e te confundir inteira quando você achar que já não quer tanto assim. 
Também quero ser o telefone que não toca no dia seguinte. Eu quero ser tuas unhas roídas, tua mania constante de mexer no cabelo, tua síndrome das pernas inquietas. Eu quero ser a resposta monossilábica para tua declaração.
 Eu quero marcar um encontro, uma conversa, um café e, de última hora, desmarcar- e no próximo possível encontro, você vai me esperar outra vez. Nada de fotos, flores, músicas de nós dois.
Eu quero ser o teu eterno caso, a lembrança que você lamenta.
 Eu quero deixar explícito o meu descaso e te ver, ainda assim, se importando comigo. 
Eu quero te desfilar como um troféu perante aqueles que um dia te quiseram e, em casa, te colocar no lugar mais ignóbil de minha estante. 
Eu quero ser as cartas que você não consegue jogar fora; a mentira que você não se cansa de acreditar; a saudade que emudece.
Eu quero ser os textos que você escreve de madrugada, tua tentativa desesperada de não enlouquecer. Quero ser a tua insônia, a tua insanidade. 
Teu susto, teu único assunto. Você Julieta, eu Romeu que não morreu. 
Eu quero rir da hipótese de um futuro nosso e ver você me odiar por um minuto- e depois continuar me amando, porque isso é imutável. 
Eu quero ser as perguntas que você evita se fazer.
 Quero ser o seu medo de não aguentar.

Eu quero ser o teu problema, garota.
 Não por capricho, não por um motivo pífio.
 Eu quero ser o teu problema desde que você se tornou o meu.


 

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