terça-feira, 26 de outubro de 2010

Assinado Eu

Postado por Camilla Fernanda às 12:04 4 comentários
E terminou como começou...DE REPENTE.
Ontem era esperança hoje é desilusão. Ontem era quase saudade hoje é vontade de matar qualquer lembrança. Típico de alguém que espera bem mais da vida, ela não ia se contentar, ela não ia sossegar. Ela sempre soube aliás.
Sempre soube que não era isso, mas até aceitou tentar, afinal nem tinha nada de melhor pra fazer. Aceitou vestir a fantasia de macho alfa que não quer se comprometer ou não consegue se comprometer. Aceitou não ser intensa uma vez na vida, aceitou não ser ela. E não deu certo.
Como havia de se esperar, quando não se é você mesmo, não se é ninguém. Ela percebeu, antes que fosse tarde demais, que quando é preciso mudar quem você é pra agradar alguém, você acaba perdida. Pois é difícil agradar os outros sem perder a si mesmo. Muito difícil.
Ela não vai negar que ficaram coisas boas, claro que ficaram. Ficou o cheiro, o olhar, o sotaque sedutor. Sempre fica o que não é mais. De tudo que vai sempre fica o que foi bom e foi muito bom enquanto durou.
Ela quer ser feliz e encontrar alguém que goste dela de verdade por isso não pode continuar. E se sentia quase tranquila por ter certeza de ter tomado a decisão correta. Tomou a decisão de não se anular, de se respeitar e se conhecer.Escolher por você sempre é a decisão correta.
Se vai doer? Vai. A falta vai doer, isso é fato. Sempre dói. Mas o mais doloroso é a morte constante das coisas, já dizia Caio Fernando de Abreu. O mais doloroso é saber que de novo, mais uma vez, novamente, não deu certo. Não era ele. E forçar a barra não adiantou. E tentar não ser ela mesma não deu certo.
Pra uma desassossegada nata, ela estava devagar demais, ela estava quase se acostumando a não ser, ela quase aceitou a incerteza. Ela quase se matou pra viver a calmaria, só pra deixar que ele assumisse o papel dado a ela por natureza.Mulheres são intensas.
O bom foi ela ter percebido o quanto antes, que quando não se espera que o telefone toque, e se ele toca o coração não vibra, quando o cheiro não mora nos pulmões, NÃO VALE A PENA. E por mais que demore, por mais que canse, por mais que desespere esperar, vai aparecer alguém que balance suas estruturas e lhe faça perder o ar. É bom acreditar.
E pra ele fica uma dica: Da próxima vez que você quiser um troféu tenha a humildade de reconhecer que só os melhores ganham prêmios.
"Me despeço dessa história e concluo a gente segue a direção que o nosso próprio coração mandar. E foi pra lá. Foi pra lá" 

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Comumente falando

Postado por Camilla Fernanda às 12:11 1 comentários




"Desassossegados do mundo correm atrás da felicidade possível, e uma vez alcançado seu quinhão, não sossegam: saem atrás da felicidade improvável, aquela que se promete constante, aquela que ninguém nunca viu, e por isso sua raridade.

Desassossegados amam com atropelo, cultivam fantasias irreais de amores sublimes, fartos e eternos, são sabidamente apressados, cheios de ânsias e desejos, amam muito mais do que necessitam e recebem menos amor do que planejavam.

Desassossegados pensam acordados e dormindo, pensam falando e escutando, pensam antes de concordar e, quando discordam, pensam que pensam melhor, e pensam com clareza uns dias e com a mente turva em outros, e pensam tanto que pensam que descansam."


(Martha Medeiros)


Tipo eu né!? ;)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Essas coisas

Postado por Camilla Fernanda às 13:40 1 comentários




"Nos últimos dias, isto é, ontem, a tristeza começou a ceder território a uma espécie de - digamos - abnegação. Durmo, acordo, faço coisas, leio. E esse vazio que ninguém dá jeito? Você guarda no bolso, olha o céu, suspira, vai ao cinema, essas coisas".

(Caio F.)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Tudo que vai

Postado por Camilla Fernanda às 22:32 3 comentários

Oi, L escrevi pra dizer que lembrei de você.
Passei horas tentando pensar em como começar essa carta e decidi que começaria pelo motivo que me fez te escrever. E foi isso, ter lembrado de você. Não que eu não tivesse lembrado antes, eu sempre lembro, só que dessa vez a lembrança veio acompanhada de uma angústia. Angústia essa que me dominou no meio do dia e me fez correr desesperadamente atrás de um caderno pra copiar meus pensamentos, antes que todos eles fugissem. Ahh vai, você sabe que escrevo sobre quase tudo que me acontece e sempre transformo num texto dramático e meio triste,só pra combinar comigo, você sabe.
Enfim, depois que você foi embora, tudo mudou. Eu que nunca me adapto bem a mudanças, aliás sempre morro de medo delas, não gostei nada disso. Eu morri várias vezes, tentei até me consolar repetindo sem parar que você precisava ir, que evoluir na vida é sempre bom e que eu sempre te apoiei tanto não era agora que ia te desencorajar. Mas tenho que confessar que não foi fácil e ainda não é, acho até que nunca será. 10 anos de convivência diária não se superam assim. Mais de um ano já se passou e eu nem ao menos me adaptei.
Lembro do primeiro dia que te vi. Você tinha olhos de menina, olhos de menina de 13 anos em um corpo de 15 . Eu era muito mais criança que você (tinha apenas 10 anos), mas seus olhos sempre foram mais inocentes. Era uma inocência de menina do interior, que menina da cidade nenhuma consegue imitar.
Lembrei também que uma vez você me disse ainda lembrar desse dia, você disse que eu cheguei de repente com a minha roupa de Ballet, disse que eu era sorridente e um tanto gordinha.
A gente se tornou tão amiga, eramos cúmplices. Você nunca gostou de fazer nada sozinha e era sempre eu que te acompanhava. Na hora de acordar e de dormir, era sempre a sua companhia que eu tinha. Você me fazia parecer menos só com as suas reclamações infinitas.
Hoje em dia eu ando pela casa e falo sozinha, falo com espelho, falo com qualquer coisa, pra tentar esquecer da sua ausência, pra tentar enlouquecer menos. E ás vezes até esqueço de você. É, esqueço. De tanto lembrar eu acabo esquecendo, acho que meu cérebro bloqueia pra evitar sofrimento. Essa é a minha teoria.
Vez ou outra você me liga, ( eu nunca ligo, você sabe disso) e pergunta como eu estou, como andam as coisas, cobra a minha visita, reclama que eu sempre prometo e nunca vou, pergunta por Belinha e Zeus e me fala um pouco de você.Nossa conversa entrou naquela de ser formal, de perguntar coisas óbvias e até repetidas. Termina eu jurando que vou te visitar, você fingindo acreditar. Nos despedimos e tudo fica (quase) bem.
Tem um escritor aí que eu gosto muito, um tal de Caio Fernando Abreu, ele escrevia coisas ótimas, em um dos textinhos ele dizia assim:
"Uma pessoa, quando está longe, vive coisas que não te comunica, e tu, aqui, vive coisas que não a comunica. Então, vocês vão se distanciando e, quando vocês se encontrarem, vocês vão se falar assim: oi, tudo bom e tal, como é que vão as coisas? E aí ele vai te falar, por cima, de tudo que ele viveu, e, não sei, vai ser uma proximidade distante. Não adianta, no momento que as pessoas se afastam, elas estão irremediavelmente perdidas uma da outra."
 Entende? Podemos nos falar sempre, mas nada será como antes, temos uma proximidade distante, é isso que dói. Saber que nunca mais seremos quem costumávamos ser é o que assusta, corrói e desespera. Saber que você não vai chegar pela porta e reclamar que deixaram o portão aberto, dizendo que qualquer hora entra um assaltante e leva tudo. Você não vai dizer que o teu estômago tá te matando e eu não vou poder te assustar com as minhas explicações pseudo-científicas, te obrigando a ir ao médico tratar isso direito. É isso que dói.
O que dói é o que não ficou. É o CD de Mamonas Assassinas e o de Roupa Nova. É a tua gaveta sempre arrumada. É a tua imagem sentada na cadeira perto da porta da cozinha. É você me calçando pra ir a escola quando eu fazia 3° série.Tudo isso está perdido em algum lugar do tempo, em qualquer lembrança nossa, em tudo que me lembra você.
Mas eu não te escrevi pra falar de dor. Escrevi pra te dizer que apesar de tudo eu vivo normalmente, ainda vou na igreja, fico muito tempo no computador e durmo muito tarde. Ainda sou louca por doce, adoro coca-cola e não tô namorando. Ainda escuto aquelas músicas loucas que você odiava, ainda sou caseira, meu guarda-roupa ainda é sempre bagunçado e continuo péssima na cozinha.
 Enfim, ainda sou eu. Depois desse tempo todo, eu mudei, cresci, aprendi muita coisa, mas ainda se trata de mim.
Eu te escrevi pra dizer que sinto falta de muita coisa, mas de você eu sinto saudade.SAUDADE que é palavra da língua portuguesa que ninguém consegue explicar, que é um sentimento ambíguo que ninguém consegue ser justo ao tentar definir. Eu é que não vou tentar. Só escrevi mesmo para que você soubesse o que sinto. Só escrevi pra dizer o quanto foi, é e será difícil sem você aqui.É isso...

A Dani sempre te manda um beijo e eu acho que te amo.
Quando tiver um tempinho me liga ! 


P.S: L se trata de uma grande amiga que morou comigo 10 anos. 

terça-feira, 5 de outubro de 2010

"Eu não falo de dor...

Postado por Camilla Fernanda às 09:46 4 comentários


eu falo da estranha sensação que é não sentir NADA."
Não é que eu não sinta, eu só .... não sinto sabe?! Eu tinha andado meio distraída, ligada no automático e nem tinha percebido. Mas é isso mesmo, atualmente não sinto nada.
É claro que isso não é nenhuma novidade pra mim, já tinha passado por momentos assim antes. Mas antes eram apenas 'momentos' agora são dias.
Eu sempre fui meio estranha, diferente da maioria e blá blá blá... nunca achei que álcool resolveria, muito menos que festinhas-futéis-tocando-a-música-do-momento iam me acrescentar alguma coisa.
Eu sempre busquei MAIS, sempre achei que tinha alguma coisa, que ia chegar alguma hora, pra preencher essa parada. E fui levando a vida assim, de uma maneira um tanto quanto estranha e quase feliz.
Ai estou eu, no meio da aula de Inconsciente I, ouvindo a professora dizer que nós já nascemos com a falta/perda de alguma coisa e passamos a vida inteira tentando preencher o que não se preenche. Inventamos histórias, amores, alegrias e etc.. pra tentar colocar um objeto nessa lacuna.
E aí eu percebo que o meu curso (psi) é o melhor e mais angustiante do mundo, porque a partir do momento que define-se algo, corre-se o risco de limitar ou infinitar esse algo. E nesse caso infinitou (isso existe?). Antes era só uma TPM prolongada, uma ligeira depressão. Eu parava e pensava "Aff hoje eu tô meio down" e pronto.
Aparecia algo que me animava e eu esquecia. Mas agora que sei, que é humano sentir isso, que isso se chama VAZIO EXISTENCIAL e que já nascemos tentando preenchê-lo,tudo tomou proporções gigantescas, só consigo imaginar um buraco negro que nunca será preenchido por nada. O que me fez lembrar o Lennon "A ignorância é uma espécie de benção". E é mesmo.Sem saber, eu quase nem sentia.
Para a psicanálise viveremos pra sempre com a perda/ falta e no momento do ápice ( angústia) procuraremos um objeto pra preencher essa falta. Lembro dela dizer que o amor é o mais usado. (O amor? Será? Ele preenche mesmo?).
Mas, eu com toda a minha intensidade e medo da vida, costumo desejar demais as coisas. Quando quero, quero muito e quero agora. É tudo ou nada. É 8 ou 80. Não sei viver na superfície das coisas. E quando não sinto esse querer intenso, costumo nem levar pra frente qualquer projeto de envolvimento. Porque se eu não estiver completamente envolvida e embriagada por sentimentos, costumo ter pavor de qualquer profundidade. Eis aí a minha contradição.Por isso nunca encontrei preenchimento algum no amor, ninguém quer uma louca complicada e contraditória. Então lembro da Tati Bernardi:  "Você deveria saber. Eles nunca são a resposta. Nunca foram".E decido que o amor não deve mesmo preencher.
No post passado disse "Aprende, aprende, aprende que dói menos". Agora, digo que não sinto nada. Eu costumo oscilar muito entre esses dois estágios (o de dor e o de não sentir nada), no post passado me referia a minha velha mania de positivar afeto, pra tentar preencher este vazio. Aquela mania de inventar amores, pra ter com quem sonhar, o que desejar, pra ter objetivo mesmo. Isso nunca deu certo pra mim. NUNCA. 
Sempre sonho, desejo sozinha e depois de perceber isso, me deparo com um sentimento de quase dor seguido de um não-sentir. Como se a frustração de perceber que tudo se repete, levasse ao bloqueio de qualquer sentimento. Me fazendo possuir um coração anestesiado. Ou seja, caio no vazio de novo. É um círculo vicioso imutável. Que só me leva a pensar que não fui mesmo feita pra isso. Devo fazer parte de uma espécie não-humana rara-limitada-de-seres-que-buscam, só pode.O que me lembrou do Lewis: "Se eu encontro em mim um desejo que nenhuma experiência neste mundo pode satisfazer, a explicação mais provável é que eu fui feito para outro mundo." 
Daí, decido que é isso. Fui feita pra outro mundo e devo passar a vida tentando encontrar o caminho de casa, bem no estilo Dungeons & Dragons (Caverna do Dragão), vivendo de esperança e ilusão, buscando o fim de uma história sem final. Levando a sensação de que não sentir nada é pior que sentir dor.
 

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